Serviços, o maior setor do PIB, perde fôlego em abril
Volume de atividades variou 0,2%, influenciado pelo transporte de ageiros

O setor de serviços, o maior do PIB brasileiro, avançou 0,2% em abril. O dado representa uma desaceleração, já que em março o volume foi de 0,4%. Apesar da perda de fôlego, essa é a terceira alta mensal consecutiva, segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 13.
Apesar da desaceleração mensal, na comparação anual o setor registrou uma expansão de 1,8% na comparação anual — o décimo terceiro mês consecutivo de crescimento. O dado mostra resiliência do setor, apesar da política monetária contracionista, que tende a afetar as atividades. “Mesmo com a surpresa negativa em abril, o desempenho visto nos últimos meses indica que os serviços seguem resilientes. Acreditamos que o setor deve terminar o ano com expansão próxima a 3%, impulsionado principalmente pelos estímulos promovidos pelo governo”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Segundo Igor Cadilhac, economista do Piay, essa resiliência está sustentada pelo trabalho formal e pela expansão da massa de rendimentos. “Ainda assim, a combinação de inflação persistente, juros elevados e deterioração das condições financeiras tende a impor limites à atividade no segundo semestre”, analisou.
Resultado
A variação positiva no mês foi puxada, principalmente, pela atividade de transportes, que cresceu 0,5%. Com o resultado de abril, o setor de serviços se encontra 0,2% abaixo do ponto mais alto de sua série, alcançado em outubro de 2024.
Apesar do avanço no mês, a composição mostra bem a desaceleração: as atividades de transportes foram as únicas a variar em campo positivo, crescendo 0,5% em abril. Outros serviços (-2,3%), que registrou a segunda queda consecutiva, teve perda acumulada de 2,6%. Os demais recuos vieram de profissionais, istrativos e complementares (-0,5%), informação e comunicação (-0,2%), e serviços prestados às famílias (-0,1%), com todos eliminando pequenas parcelas de ganhos acumulados em meses recentes: de 1,8%, no primeiro setor; de 3,9%, no segundo; e de 2,0%, no último.
“A trajetória recente do setor é impactada principalmente por uma melhora observada no setor de transportes, bem como um maior dinamismo dos serviços de tecnologia da informação e serviços técnico-profissionais”, destaca o analista da Pesquisa Mensal de Serviços, Luiz Almeida.
No acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, o volume de serviços teve expansão de 2,2% em relação ao mesmo período de 2024. Já o acumulado nos últimos 12 meses, ao avançar 2,7% em abril de 2025, mostrou desaceleração do ritmo de crescimento quando comparado a março (3,1%).
Atividades
Pelo terceiro mês seguido, o volume de transporte de ageiros no Brasil subiu, registrando 1,8% em abril, comparado ao mês anterior. O ganho acumulado no período chegou a 6,8%. O segmento se encontra, nesse mês de referência, 4,6% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 19,7% abaixo de fevereiro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).
O volume do transporte de cargas, por sua vez, caiu 0,3% em abril de 2025, após o ganho acumulado de 1,8% entre fevereiro e março. Assim, o segmento se situa 7,1% abaixo do ponto mais alto de sua série, alcançado em julho de 2023. Em relação ao nível pré-pandemia, o transporte de cargas está 34,8% acima de fevereiro de 2020.
Em termos regionais, 18 das 27 unidades da federação assinalou expansão no volume de serviços em abril de 2025, na comparação com março do mesmo ano, acompanhando o ligeiro crescimento observado no resultado nacional (0,2%).
Os impactos mais importantes vieram de São Paulo (0,8%), seguido por Pernambuco (5,3%), Mato Grosso (2,8%) e Minas Gerais (0,6%). Por outro lado, Rio de Janeiro (-3,2%), Bahia (-2,4%) e Goiás (-3,2%) foram responsáveis pelas principais contribuições negativas em abril.
Atividades turísticas
Em abril , o índice de atividades turísticas mostrou crescimento de 3,2% frente ao mês imediatamente anterior, após ter recuado 0,1% em março. Com esse desempenho, o setor de turismo está 13,2% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 0,5% abaixo do ápice da sua série histórica, alcançado em dezembro de 2024.
Regionalmente, 11 dos 17 locais pesquisados acompanharam esse avanço verificado na atividade turística nacional (3,2%). São Paulo (3,4%) exerceu a influência positiva mais intensa, seguido por Rio de Janeiro (1,6%), Rio Grande do Sul (5,7%) e Goiás (10,8%). Em contrapartida, Minas Gerais (-1,1%) e Santa Catarina (-1,3%) tiveram as perdas mais expressivas.
De acordo com o analista da PMS, o crescimento das atividades turísticas em abril ocorreu, principalmente, devido ao aumento observado no transporte aéreo e no transporte rodoviário de ageiros”.
Na comparação entre abril de 2025 e igual mês do ano anterior, o índice de volume de atividades turísticas no Brasil apresentou crescimento de 9,3%, 11ª taxa positiva seguida. A principal razão foi o aumento na receita de empresas que atuam nos ramos de transporte aéreo de ageiros, hotéis e serviços de reservas relacionados a hospedagens.
Quinze das 17 unidades da federação onde o indicador é investigado mostraram avanço nos serviços voltados ao turismo, com destaque para São Paulo (10,1%) e Rio de Janeiro (20,7%), seguidos por Bahia (15,1%), Pernambuco (8,6%), Goiás (13,5%) e Santa Catarina (7,6%). Já Minas Gerais (-3,2%) e Mato Grosso (-7,0%) exerceram os principais impactos negativos do mês.