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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para s.

‘O centro de São Paulo não será terra de ninguém’, diz vice-governador 33356f

A VEJA Felício Ramuth (PSD) fala sobre retirada de usuários do local e a força-tarefa para eliminar consumo de drogas a céu aberto 46am

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 jun 2025, 12h21

No início de junho, a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado anunciaram um amplo projeto de revitalização da área conhecida como Cracolândia, no centro da capital.

A iniciativa, que inclui a construção de um conjunto habitacional e de uma área de lazer, antecipada por VEJA, faz parte de uma força-tarefa ainda maior que, por sua vez, tem como objetivo acabar em definitivo com a concentração a céu aberto de usuários de drogas na região central de São Paulo.

A VEJA o vice-governador do Estado, Felício Ramuth (PSD), responsável por coordenar as ações da istração estadual sobre o tema, falou sobre as medidas articuladas pelo poder público que terminaram no esvaziamento do perímetro entre as ruas dos Protestantes e dos Gusmões, na Santa Ifigênia, no último mês de maio. A área abrigava o “fluxo”, como é denominada a concentração de dependentes químicos, e que era palco das conhecidas cenas de venda e uso de drogas a qualquer hora do dia.

Para Ramuth, ainda é cedo para se determinar o “fim” da Cracolândia, algo que, segundo ele, só será possível de ser confirmado daqui a seis meses. Segundo o vice-governador, no entanto, o estado e a prefeitura têm acompanhado a movimentação na região e afirma que, por ora, não há focos de “novas cracolândias” no centro da capital paulista.

“Nosso objetivo era acabar com a aglomeração de venda e de consumo de drogas a céu aberto onde o poder público não se fazia presente. E estamos conseguindo isso com a presença do Estado. O centro não vai ser terra de ninguém”, afirma. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

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Por que ainda não é possível falar no fim da Cracolândia? Há risco de surgimento de novas cracolândias? Há algumas semanas, falou-se em novos focos perto do Minhocão, na Marechal Deodoro. O nosso trabalho na cena aberta de uso não tem como missão acabar com o consumo de droga em São Paulo. O nosso objetivo era acabar com uma aglomeração de venda e consumo de droga a céu aberto onde o Estado, o poder público não se fazia presente. E isso é diferente de morador em situação de rua. Via de regra, temos moradores em situação de rua com dependência de álcool e de drogas, mas que não se juntam para consumir droga. Existe um discurso de que a Cracolândia se espalhou, mas a cidade está cheia de pontos de moradores em situação de rua, na Roberto Marinho, Ceagesp, Minhocão, que se deslocou para a Marechal Deodoro. Na região central, nós continuamos abordando e qualificando os usuários. Está bem monitorado e não existem aglomerações. Mas o que não podemos deixar é que aquele ponto de morador vire um ponto de comércio de drogas. É por isso que eu falei que não podemos anunciar o fim da Cracolândia. Não vamos cometer o erro que outras gestões cometeram. A gente só pode dizer daqui a uns seis meses que o trabalho está consolidado. Vai depender das nossas ações presentes e como a gente vai atuar nesse território: com abordagem pela segurança pública para qualificação, separando quem é usuário de quem é traficante, prosseguir no fechamento de bares com venda de drogas, e continuar no trabalho de saúde e assistência social.

No início de 2023, o governador Tarcísio de Freitas o designou para coordenar as ações do centro da cidade, em especial da Cracolândia. O que mudou de lá para cá? A primeira coisa que fizemos foi escutar ações e pessoas, de todas as ideologias, sem questão partidária. Conversamos com o padre Júlio Lancelotti, com o [deputado] Eduardo Suplicy, com especialistas em saúde, da segurança pública. E o que percebemos foi que, primeiro, o centro era terra de ninguém e ali havia uma concentração de pessoas em vulnerabilidade e que precisavam do apoio do Estado, por volta de 2.500 pessoas. A área que estou falando é a chamada Cena Aberta de Uso, a CAU, que é como a gente chama a Cracolândia, entre as ruas dos Protestantes e dos Gusmões. E em segundo, percebemos que, apesar de ter, de fato, muita gente fazendo coisa boa ali, tudo era feito de forma totalmente descoordenada. Era como um barco que estava todo mundo remando em direções diferentes: tinha o governo estadual, a prefeitura, igrejas, entidades, ONGs. Mas você avançava muito pouco, enquanto gastava dinheiro e energia. Depois de ouvir os especialistas, traçamos um plano, que foi apresentado em março de 2023, onde delineamos tudo o que seria feito a partir dali.

Como coordenador da política estadual sobre drogas, qual foi o diagnóstico? Um dos pontos foi justamente que não tínhamos uma política estadual sobre drogas. Imagine, São Paulo, o estado mais rico da federação. Para você ter uma ideia, havia apenas uma lei de 2019 que nunca tinha sido regulamentada. Então o que fizemos foi criar, em abril de 2023, a Política Estadual sobre Drogas, determinando qual seria a missão de cada secretaria.

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E quais as frentes que foram prioridade nesse primeiro momento? O primeiro o foi unir áreas como saúde, assistência social e segurança do Estado. Depois, provocar o mesmo na Prefeitura, ou seja, conectar essas áreas. E uma das primeiras ações foi a inauguração do Hub de Cuidado em Crack e Outras Drogas, que funciona onde ficava o antigo Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), na Rua Prates. Mudamos a concepção de como seria o atendimento e o transformamos num hub, ou seja, concentrar os usuários, depois, espalhar nos atendimentos. Seja nos hospitais especializados ou nas casas terapêuticas, que antes não existiam e hoje são quarenta. fazendo um plano individual e uma jornada de cuidado para cada um. Até hoje, já foram feitos mais de 30.000 acolhimentos.

O senhor mencionou que havia cerca de 2.500 usuários na Cracolândia até o esvaziamento, no final de maio. Para onde foram essas pessoas? Com todo esse trabalho conjunto e articulado que vem sendo feito ao longo dos últimos dois anos, a região deixou de ser atrativa do jeito que foi antes, sem a presença do poder público, e chegamos a esse número, aproximado, de 2.500 pessoas. Cerca de 1.200 estão nas clínicas, outras 980 no Programa Operação Trabalho, da Prefeitura. São pessoas que já aram pelo ciclo de cuidados, porque existe uma falsa ideia de que você pode tirar uma pessoa dessa situação e amanhã entregar um emprego para ela no dia seguinte, isso não existe. Outros já estão em casa, seguiram com suas vidas, aram pelo Hub, pelo ciclo de cuidados. Nosso foco principal é independência e autonomia.

Essas frentes dizem respeito às áreas de saúde e assistência social, mas o estado também atua na segurança pública. O que difere essa atuação? Nós ficamos quase dois anos, no âmbito do Muralha Paulista [programa que usa câmeras e tecnologias de cada prefeitura para monitorar e combater a criminalidade], integrando bancos de dados, por exemplo, da Secretaria de istração Penitenciária, da Polícia Militar, da Polícia Civil. Nós unimos todos esses bancos de dados e integramos os sistemas de reconhecimento, como por exemplo o Smart Sampa. Com isso, amos a monitorar e a dividir quem é traficante de quem é usuário. Foram feitas 50 operações ao longo desses dois anos e três meses. Mas a operação não era para prender o usuário? Não. A operação era, a partir das imagens de câmeras, identificar os traficantes e qualificar os usuários. Ou seja, a gente fotografava e fazia uma referência dos nossos bancos de dados. Foi a partir de então que conseguimos identificar ações de tráfico e ar a prender os traficantes: foram cerca de 1.000 prisões nesse período. Tivemos uma operação extensa do Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado], baseada nas investigações da Polícia Civil, que fechou pensões, ferros velhos, com o intuito de atacar o ecossistema do crime.

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